The China Mail - Como o peso do mundo caiu sobre os ombros de um geólogo

USD -
AED 3.672496
AFN 66.087001
ALL 81.825228
AMD 381.17665
ANG 1.790403
AOA 917.000075
ARS 1450.5246
AUD 1.48977
AWG 1.80025
AZN 1.698689
BAM 1.656664
BBD 2.012426
BDT 122.094082
BGN 1.657805
BHD 0.377138
BIF 2947.99524
BMD 1
BND 1.283877
BOB 6.928886
BRL 5.518398
BSD 0.999183
BTN 89.619713
BWP 13.15133
BYN 2.898742
BYR 19600
BZD 2.009546
CAD 1.366965
CDF 2200.00001
CHF 0.786725
CLF 0.023072
CLP 905.109972
CNY 7.028503
CNH 7.007685
COP 3756.03
CRC 494.085459
CUC 1
CUP 26.5
CVE 93.400985
CZK 20.59155
DJF 177.923282
DKK 6.334895
DOP 62.351501
DZD 129.754972
EGP 47.594014
ERN 15
ETB 155.671225
EUR 0.848119
FJD 2.269196
FKP 0.741553
GBP 0.74011
GEL 2.684992
GGP 0.741553
GHS 11.315768
GIP 0.741553
GMD 74.498901
GNF 8732.259554
GTQ 7.654874
GYD 209.035504
HKD 7.776395
HNL 26.337389
HRK 6.3889
HTG 130.93786
HUF 330.670501
IDR 16749
ILS 3.18656
IMP 0.741553
INR 89.74885
IQD 1308.864823
IRR 42125.000272
ISK 125.510033
JEP 0.741553
JMD 159.779428
JOD 0.708965
JPY 155.914501
KES 128.906315
KGS 87.450268
KHR 4004.015027
KMF 418.000409
KPW 900.017709
KRW 1448.98028
KWD 0.30718
KYD 0.832652
KZT 508.976634
LAK 21642.315674
LBP 89468.428408
LKR 309.301055
LRD 176.849024
LSL 16.677678
LTL 2.95274
LVL 0.60489
LYD 5.406733
MAD 9.113179
MDL 16.814467
MGA 4562.222326
MKD 52.18796
MMK 2099.828827
MNT 3555.150915
MOP 8.004642
MRU 39.846175
MUR 45.969836
MVR 15.450078
MWK 1732.560257
MXN 17.89805
MYR 4.04498
MZN 63.909814
NAD 16.678878
NGN 1452.100803
NIO 36.770529
NOK 9.997805
NPR 143.390665
NZD 1.71111
OMR 0.384496
PAB 0.999183
PEN 3.363135
PGK 4.313189
PHP 58.734001
PKR 279.890137
PLN 3.57493
PYG 6807.757303
QAR 3.652011
RON 4.315598
RSD 99.565987
RUB 78.252701
RWF 1455.320122
SAR 3.750907
SBD 8.153391
SCR 13.902243
SDG 601.498789
SEK 9.15869
SGD 1.28377
SHP 0.750259
SLE 24.074957
SLL 20969.503664
SOS 569.981323
SRD 38.319974
STD 20697.981008
STN 20.752775
SVC 8.742424
SYP 11056.879194
SZL 16.676761
THB 31.030504
TJS 9.192371
TMT 3.51
TND 2.915832
TOP 2.40776
TRY 42.849903
TTD 6.796746
TWD 31.413499
TZS 2477.196967
UAH 42.073075
UGX 3610.135825
UYU 39.024018
UZS 12045.08011
VES 288.088835
VND 26312.5
VUV 121.140543
WST 2.788621
XAF 555.62972
XAG 0.013823
XAU 0.000223
XCD 2.70255
XCG 1.800748
XDR 0.691025
XOF 555.62972
XPF 101.019427
YER 238.450043
ZAR 16.633503
ZMK 9001.199493
ZMW 22.580713
ZWL 321.999592
Como o peso do mundo caiu sobre os ombros de um geólogo
Como o peso do mundo caiu sobre os ombros de um geólogo / foto: © JAN ZALASIEWICZ/AFP

Como o peso do mundo caiu sobre os ombros de um geólogo

Em 1981, o recém-formado paleobiólogo Jan Zalasiewicz assumiu que estava destinado a uma carreira discreta procurando e decifrando fósseis do passado distante da Terra.

Tamanho do texto:

Durante três décadas, o cientista britânico foi, em suas palavras, um geólogo itinerante.

Mas então, a curiosidade e o acaso o colocaram no centro de um acalorado debate na ciência e além, sobre se a atividade e os apetites humanos inclinaram nosso planeta para uma nova época geológica, o Antropoceno.

Em 2009, Zalasiewicz foi escolhido pela Comissão Internacional de Estratigrafia (ICS, sigla em inglês) - guardiões da escala de tempo que divide a história da Terra em segmentos como o Jurássico e o Cretáceo - para presidir um grupo de trabalho sobre o assunto.

"Fui surpreendido pelo Antropoceno e então sequestrado sem esperança de ser liberado", disse ele à AFP em uma entrevista.

A missão se resumiu a três perguntas: o registro geológico mostra uma ruptura clara na estabilidade do Holoceno, que começou há 11.700 anos? Se sim, quando ocorreu essa quebra? E qual lugar na Terra oferece a evidência mais convincente?

Os membros votantes do grupo de trabalho responderam enfaticamente "sim" à primeira pergunta, apontando para o que Zalasiewicz chama de "riqueza constrangedora" de evidências encontradas em núcleos de gelo, sedimentos e esqueletos de corais: microplásticos, substâncias químicas perpétuas, vestígios de espécies invasoras, gases de efeito estufa e os efeitos das bombas nucleares, todos aumentando rapidamente ou aparecendo pela primeira vez.

Eles também afirmaram que o limite deveria ser definido em torno da década de 1950, quando esses e vários outros indicadores, coletivamente conhecidos como 'Grande Aceleração', começaram a subir vertiginosamente.

- Mudança explosiva -

Na terça-feira, o grupo de trabalho anunciará qual dos nove locais candidatos receberá o "pico de ouro", significando seu status como o marco zero do Antropoceno.

A odisseia de 15 anos de Zalasiewicz no Antropoceno não era o que ele esperava.

"Quando comecei a estudar geologia, era uma fuga das complicações do mundo. Aprendi a viver no passado", disse ele em uma entrevista.

"Ao mergulhar no Antropoceno, me deparei com toda essa vida humana bagunçada e complicada", acrescentou. "É uma mudança muito abrupta e nada confortável".

Mas Zalasiewicz só tem a si mesmo para culpar.

Já no final da década de 1990, ele se intrigava com o que o registro fóssil da civilização humana poderia revelar, o que o levou ao seu primeiro livro em 2008, "Earth After Us: What Legacy Will Humans Leave in the Rocks?" (A Terra Depois de Nós: Que Legado os Humanos Deixarão nas Rochas?, em tradução livre)

Isso o tornou uma escolha óbvia para liderar o grupo de trabalho, o que ele fez até 2020. Ele ainda é um membro votante.

Durante vários anos, foi assumido que o Antropoceno - se realmente existisse - começaria com a industrialização, mas os marcadores geológicos simplesmente não estavam lá.

Por volta de 2014, no entanto, evidências do que Zalasiewicz chamou de "mudança explosiva" em escala global concentrada por volta de 1950 começaram a surgir.

Um estudo em particular mostrando o planeta coberto de cinzas volantes rastreáveis apenas à queima de carvão e petróleo chamou sua atenção.

"Com os novos dados agrupados em torno do meio do século XX, a Grande Aceleração de repente fez sentido - as coisas simplesmente se encaixaram", disse ele.

- Evidência avassaladora -

Dois não geólogos convidados a se juntar ao grupo de trabalho - o ganhador do Prêmio Nobel de Química Paul Crutzen, que cunhou o termo Antropoceno em 2002, e o cientista climático Will Steffen, ambos recentemente falecidos - há muito tempo defendiam essa teoria.

"Os geólogos estavam, na verdade, alcançando os cientistas do sistema terrestre", disse Zalasiewicz, agora professor emérito da Universidade de Leicester.

Hoje, Zalasiewicz está claramente preocupado com a sobrevivência das recomendações do grupo de trabalho diante do processo de votação necessário para a validação final. E ele não está otimista.

"Há uma resistência profunda à ideia do Antropoceno, inclusive por parte dos estratígrafos mais influentes e poderosos", principalmente os chefes da ICS e, acima deles, da União Internacional de Ciências Geológicas, ambos vocalmente contrários, principalmente por motivos técnicos.

"A artilharia tem sido e continua sendo pesada", acrescentou Zalasiewicz. "A validação sempre foi uma aposta arriscada".

A preocupação, continuou, é como uma não ratificação seria interpretada pela sociedade em geral, na qual o conceito se encaixou em uma conversa mais ampla sobre o impacto da humanidade no planeta e o que fazer a respeito.

"As pessoas dirão que isso não está acontecendo, que o Antropoceno não é real - há perigos envolvidos nisso", afirmou.

"Daria a impressão de que as condições holocênicas" - que permitiram à humanidade prosperar por milhares de anos - "ainda estão aqui, o que claramente não condiz com a verdade", afirmou.

"O peso das evidências para o Antropoceno como uma nova época após o Holoceno é agora avassalador".

D.Pan--ThChM