The China Mail - Impunidade, passividade: moradores da Amazônia Legal exigem fim das queimadas

USD -
AED 3.67301
AFN 71.021929
ALL 86.757891
AMD 388.845938
ANG 1.80229
AOA 916.000148
ARS 1165.000022
AUD 1.559315
AWG 1.8025
AZN 1.70406
BAM 1.718274
BBD 2.002838
BDT 121.45998
BGN 1.72222
BHD 0.376957
BIF 2973.111879
BMD 1
BND 1.309923
BOB 6.907155
BRL 5.619799
BSD 0.999627
BTN 85.145488
BWP 13.647565
BYN 3.271381
BYR 19600
BZD 2.008021
CAD 1.382775
CDF 2877.999765
CHF 0.824198
CLF 0.024644
CLP 945.690142
CNY 7.269496
CNH 7.2656
COP 4197
CRC 505.357119
CUC 1
CUP 26.5
CVE 96.873243
CZK 21.90485
DJF 178.012449
DKK 6.56135
DOP 58.908545
DZD 132.288977
EGP 50.801298
ERN 15
ETB 133.81045
EUR 0.87892
FJD 2.256403
FKP 0.746656
GBP 0.74686
GEL 2.745039
GGP 0.746656
GHS 14.294876
GIP 0.746656
GMD 71.492633
GNF 8658.065706
GTQ 7.698728
GYD 209.76244
HKD 7.75695
HNL 25.941268
HRK 6.620396
HTG 130.799
HUF 355.319478
IDR 16646.9
ILS 3.62904
IMP 0.746656
INR 85.090398
IQD 1309.571398
IRR 42100.000211
ISK 128.410025
JEP 0.746656
JMD 158.35182
JOD 0.7092
JPY 142.663004
KES 129.349896
KGS 87.450261
KHR 4001.774662
KMF 432.250121
KPW 900.101764
KRW 1422.724972
KWD 0.30632
KYD 0.833044
KZT 511.344318
LAK 21622.072771
LBP 89567.707899
LKR 299.446072
LRD 199.931473
LSL 18.549157
LTL 2.95274
LVL 0.60489
LYD 5.468994
MAD 9.272737
MDL 17.203829
MGA 4511.41031
MKD 54.061297
MMK 2099.785163
MNT 3572.381038
MOP 7.98763
MRU 39.575655
MUR 45.229907
MVR 15.400483
MWK 1733.40069
MXN 19.553103
MYR 4.310956
MZN 64.01011
NAD 18.549157
NGN 1601.519845
NIO 36.785022
NOK 10.359235
NPR 136.237321
NZD 1.68312
OMR 0.384995
PAB 0.999613
PEN 3.664973
PGK 4.141482
PHP 55.858498
PKR 280.826287
PLN 3.75155
PYG 8005.376746
QAR 3.644223
RON 4.374502
RSD 102.966435
RUB 82.000422
RWF 1428.979332
SAR 3.751033
SBD 8.361298
SCR 14.651979
SDG 600.501985
SEK 9.643735
SGD 1.305825
SHP 0.785843
SLE 22.75021
SLL 20969.483762
SOS 571.328164
SRD 36.849418
STD 20697.981008
SVC 8.746876
SYP 13001.961096
SZL 18.542907
THB 33.321501
TJS 10.555936
TMT 3.51
TND 2.990231
TOP 2.342102
TRY 38.501202
TTD 6.782431
TWD 31.975997
TZS 2685.000535
UAH 41.530014
UGX 3663.550745
UYU 42.090559
UZS 12943.724275
VES 86.54811
VND 26005
VUV 121.306988
WST 2.770092
XAF 576.298184
XAG 0.030422
XAU 0.000302
XCD 2.70255
XDR 0.71673
XOF 576.29312
XPF 104.776254
YER 245.050187
ZAR 18.54398
ZMK 9001.200989
ZMW 27.965227
ZWL 321.999592
Impunidade, passividade: moradores da Amazônia Legal exigem fim das queimadas
Impunidade, passividade: moradores da Amazônia Legal exigem fim das queimadas / foto: © AFP

Impunidade, passividade: moradores da Amazônia Legal exigem fim das queimadas

Giovana Serrão não estava em casa quando o incêndio ocorrido em um campo agrícola vizinho saiu do controle e destruiu suas plantações de açaí na ilha de Marajó, na Amazônia Legal.

Tamanho do texto:

Paulinho dos Santos lembra bem das noites sombrias de novembro, quando pulava da cama para apagar, com baldes de água, as chamas que ameaçavam sua plantação.

Maria Leão sofreu com a sinusite de suas duas filhas, consequência da nuvem de fumaça que envolveu durante semanas Breves, maior cidade desta ilha no Pará.

Assim como eles, muitos dos habitantes da região viveram impotentes sob os embates dos incêndios recorde na Amazônia Legal em 2024, com mais de 140 mil focos, o maior número oficial em 17 anos.

O Pará, cuja capital, Belém, sediará em novembro a COP30 da ONU, foi o estado mais afetado, com mais de 56 mil focos.

Segundo os cientistas, as queimadas estão relacionadas com o aquecimento global, que torna a vegetação mais seca e, portanto, mais propensa ao fogo.

No entanto, são quase sempre causadas por indivíduos que buscam limpar terras para pastagens ou agricultura, apesar das proibições que vigoram durante o período de seca, e que frequentemente ficam impunes.

- "Insustentável" -

"A coisa ficou insustentável durante semanas. Não saíamos na rua, lá fora a gente não conseguia enxergar. A Unidade de Pronto Atendimento ficou lotada com pessoas com doenças respiratórias", explica o professor Zairo Gomes, de 51 anos, um dos líderes sociais de Breves.

O medidor da qualidade do ar da universidade federal da cidade registrou picos de 480 microgramas por metro cúbico das partículas finas nocivas (PM2,5), o que ultrapassa em muito o limite máximo de 15 em um intervalo de 24 horas estabelecido pela OMS.

Breves é uma cidade empobrecida de 107 mil habitantes, cuja principal atividade é o porto fluvial que conecta Marajó com Belém.

O desemprego é crescente e parte da população vive principalmente do cultivo do açaí, alimento básico da alimentação paraense.

O poder público parece ausente nesta cidade também afetada pela insalubridade, com lixões a céu aberto, onde urubus voam em meio a um forte mau cheiro.

Segundo Gomes, a Prefeitura não se pronunciou durante os dois meses que durou a crise dos incêndios.

Contatados pela AFP, nem o prefeito nem o secretário do Meio Ambiente se mostraram disponíveis para fornecer informações.

- "Direito de respirar" -

A onda de incêndios deu origem, no entanto, a um movimento de mobilização popular sem precedentes.

"O que a gente conseguiu é bem importante, é que a cidade começou a falar em meio ambiente, mudanças climáticas, queimadas criminosas". diz Gomes. "A gente deixou de sofrer com passividade".

Foi assim que nasceu o coletivo "Breves pede Socorro, pelo Direito de Respirar", que se reúne periodicamente para aumentar a pressão sobre as autoridades e evitar que o fogo volte a causar estragos quando começar o período de seca, em julho.

"Precisamos de mais recursos para os bombeiros", que estão sobrecarregados. "E os responsáveis têm que ser punidos" diz Maria Leão, uma parteira de 50 anos e ativista do movimento.

Segundo dados do Greenpeace, a imensa maioria dos incêndios na Amazônia fica impune e das raras multas impostas, menos de 1% são pagas.

- "Ninguém quer falar" -

"Necessitamos de mais recursos na luta contra o fogo e para fazer as apreensões dos responsáveis", admite o tenente-coronel Luciano Morais, na sede da polícia militar em Breves.

Este ano, "fizemos só duas apreensões", porque é "muito difícil provar" quem está por trás dos incêndios, que normalmente começam à noite, acrescenta.

"Ninguém quer entrar na floresta na noite, ninguém quer falar", por medo ou por ignorância, admite.

Em frente à sua fazenda, Paulinho dos Santos, de 65 anos, afirma não saber quem iniciou os incêndios que o mantiveram em alerta durante as noites.

"Melhor assim, eu podia ter feito uma besteira", diz ele. Este aposentado perdeu 40% do terreno onde vive com sua família, embora tenha preservado sua casa e seu galinheiro.

- "A mesma luta" -

Já Giovana Serrão acusa seu vizinho que, segundo ela, ao querer queimar o campo para cultivo, destruiu sua plantação de açaí.

"A polícia foi lá, falou com ele, por enquanto ele fica lá", diz esta mulher de 45 anos.

Junto com o marido, Giovana plantou suas palmeiras há sete anos, graças a um empréstimo bancário que finalmente ela conseguiria pagar com a venda do açaí para as escolas de Breves.

"Não sei o que vamos fazer", confessa, em meio às árvores carbonizadas.

Ao lado dela, Zairo Gomes responde: "Devemos nos articular e nos unir com as cidades vizinhas, que também pedem ajuda. Estamos na mesma luta. Chega de incêndios!".

A.Zhang--ThChM