The China Mail - Fentanil, a armadilha mortal que se espalha pela fronteira México-EUA

USD -
AED 3.67307
AFN 68.480272
ALL 84.328736
AMD 382.918988
ANG 1.789699
AOA 917.000456
ARS 1357.52939
AUD 1.54691
AWG 1.8025
AZN 1.700709
BAM 1.694735
BBD 2.019765
BDT 121.944985
BGN 1.694555
BHD 0.376969
BIF 2982.526829
BMD 1
BND 1.289107
BOB 6.912269
BRL 5.520402
BSD 1.000308
BTN 87.75145
BWP 13.585141
BYN 3.287192
BYR 19600
BZD 2.009393
CAD 1.37939
CDF 2890.000035
CHF 0.809395
CLF 0.024652
CLP 967.080249
CNY 7.17875
CNH 7.18991
COP 4098.84
CRC 505.435183
CUC 1
CUP 26.5
CVE 95.546534
CZK 21.309397
DJF 178.14095
DKK 6.463325
DOP 60.803522
DZD 130.34
EGP 48.401901
ERN 15
ETB 138.209964
EUR 0.86603
FJD 2.266104
FKP 0.752485
GBP 0.752885
GEL 2.706901
GGP 0.752485
GHS 10.553406
GIP 0.752485
GMD 72.506653
GNF 8676.438094
GTQ 7.674744
GYD 209.292653
HKD 7.84995
HNL 26.296202
HRK 6.531197
HTG 131.268711
HUF 345.574038
IDR 16378.85
ILS 3.449565
IMP 0.752485
INR 87.77885
IQD 1310.434169
IRR 42124.999587
ISK 123.489741
JEP 0.752485
JMD 160.063082
JOD 0.709015
JPY 147.598502
KES 129.197735
KGS 87.449886
KHR 4008.561303
KMF 427.500423
KPW 900.023324
KRW 1391.125025
KWD 0.30581
KYD 0.833601
KZT 537.911971
LAK 21642.418308
LBP 89631.250352
LKR 300.828824
LRD 200.56671
LSL 18.04921
LTL 2.95274
LVL 0.60489
LYD 5.445195
MAD 9.112383
MDL 17.030753
MGA 4449.62436
MKD 53.316812
MMK 2098.973477
MNT 3592.605619
MOP 8.088525
MRU 39.953381
MUR 46.030272
MVR 15.406935
MWK 1734.616951
MXN 18.89274
MYR 4.227499
MZN 63.959714
NAD 18.04921
NGN 1528.719928
NIO 36.809656
NOK 10.26878
NPR 140.403537
NZD 1.696165
OMR 0.384508
PAB 1.000321
PEN 3.573951
PGK 4.215607
PHP 57.674007
PKR 283.721519
PLN 3.703207
PYG 7492.775412
QAR 3.647951
RON 4.394896
RSD 101.476018
RUB 80.194836
RWF 1447.016109
SAR 3.751923
SBD 8.237372
SCR 14.693436
SDG 600.499811
SEK 9.67771
SGD 1.288291
SHP 0.785843
SLE 22.949842
SLL 20969.503947
SOS 571.723185
SRD 36.839729
STD 20697.981008
STN 21.229675
SVC 8.752692
SYP 13002.222445
SZL 18.042624
THB 32.435962
TJS 9.41336
TMT 3.51
TND 2.949625
TOP 2.3421
TRY 40.669503
TTD 6.787371
TWD 29.92696
TZS 2485.00031
UAH 41.705046
UGX 3580.449636
UYU 40.154413
UZS 12626.024115
VES 126.12235
VND 26250
VUV 119.406554
WST 2.772467
XAF 568.405501
XAG 0.026694
XAU 0.000298
XCD 2.70255
XCG 1.80286
XDR 0.704914
XOF 568.398113
XPF 103.340858
YER 240.349691
ZAR 18.02395
ZMK 9001.198647
ZMW 23.033097
ZWL 321.999592
Fentanil, a armadilha mortal que se espalha pela fronteira México-EUA
Fentanil, a armadilha mortal que se espalha pela fronteira México-EUA / foto: © AFP

Fentanil, a armadilha mortal que se espalha pela fronteira México-EUA

Elena prepara sua segunda dose diária de heroína. Ela se injeta há 20 anos. Desde a overdose que quase a matou no ano passado, ela tem medo, porque a droga em Mexicali agora está misturada com fentanil, sem que os usuários saibam.

Tamanho do texto:

A amostra "é positiva para fentanil", confirmaram para ela, após um teste em La Sala, onde os usuários desta cidade mexicana, na fronteira com os Estados Unidos, podem consumir de maneira segura a droga que compram na rua e evitar crises. O teste revela em minutos se a substância está contaminada com esse opioide sintético que se apresenta como uma ameaça global.

Desde 2019, "não há um único teste de heroína que não dê positivo para fentanil", diz Said Slim, coordenador da Verter, a ONG que criou La Sala em 2018 para proteger consumidores de Mexicali em situação vulnerável.

Os registros de 2022 da organização indicam que as overdoses dobraram em um ano. E, ainda pior, afirmam as autoridades, há mortes diárias em Mexicali, cidade de um milhão de habitantes.

- Overdose -

Com um sorriso no rosto dilacerado pela dependência, Elena explica que sua crise ocorreu apesar de ela ter-se injetado com sua dose habitual de heroína.

"Eles colocaram aquele frasco em mim para me trazer de volta porque estava muito forte". Ela se refere à naloxona, um medicamento capaz de reverter a intoxicação por opioides e restrita no México.

Elena, que trabalha como faxineira, reduz sua dose pela metade e quase sempre se injeta em La Sala, uma iniciativa pioneira na América Latina, onde, assim como na Europa, soam os alarmes para as misturas letais e mais viciantes de fentanil.

Elena, 50 anos, injeta-se no lado direito.

"Fiz intramuscular", comenta, explicando que, por via intravenosa, o efeito "é bom, mas acaba mais rápido".

A ONG fornece aos usuários kits de consumo que previnem infecções por hepatite, ou HIV, e monitora sua saúde.

Pessoas em situação de rua, ou profissionais do sexo, chegam ao local, onde são cumprimentadas pelo nome, recebem conselhos de saúde e orientações sobre abusos de autoridade.

“Eles ainda me fazem sentir que sou um ser humano”, diz Ricardo, cansado, mas sereno. Ele consome heroína há 26 anos e também quase morreu por fentanil.

“Quando surgiu a mudança da heroína — digamos, original — para (a mistura com) fentanil, sofri uma overdose da qual, pela graça de Deus, estou aqui”, lembra.

A adaptação foi "muito difícil" para Ricardo, de 59 anos, que baixou a dose para meio grama por dia. O fentanil “anestesia você e te deixa praticamente dormindo”, descreve o homem, que vende doces na rua.

"As pessoas não são burras (...) percebem quando alguém está sob a influência", acrescentou.

Mexicali sofre o golpe da crise dos opioides sintéticos nos Estados Unidos, onde mais de 70.000 pessoas morreram desde agosto intoxicadas por essas substâncias, principalmente o fentanil.

Washington aponta os cartéis mexicanos como preponderantes na produção e no tráfico de opioides, e o tema domina a agenda binacional.

O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, nega, contudo, que seja produzido no México e garante que é importado da China. Na sequência, os cartéis fabricam pílulas fáceis de traficar por seu tamanho.

Os criminosos também costumam misturar fentanil com metanfetamina e cocaína.

- Antídoto -

O vice-diretor de Polícia e Trânsito de Mexicali, Carlos Romero, conta que, diariamente, esta unidade atende entre três e seis mortes de indivíduos suspeitos de serem adictos, que, em geral, ignoravam a mistura.

“Muitas são overdoses (...), a presença do fentanil tem crescido muito na cidade”, observa.

Algumas ocorrem na rua, outras em “picadeiros”, como são conhecidos os locais de consumo clandestino. Também acontecem nas residências, acrescenta Romero, descartando que o problema seja exclusivo dos setores marginais.

Julio Buenrostro, coordenador da Cruz Vermelha, afirma que as overdoses representam até 25% das emergências atendidas. Com a naloxona, porém, "conseguimos salvar um monte de vidas".

Sem acesso regular ao medicamento, paramédicos, bombeiros e até policiais recorrem a Verter, que consegue doações procedentes dos Estados Unidos.

“Se não tivéssemos naloxona, um paciente demoraria mais para sair” da crise, explica Gloria Puente, técnica de emergência da Cruz Vermelha, que pede apoio ao governo.

López Obrador critica que os Estados Unidos autorizem sua venda livre para frear a mortalidade, argumentando que a medida não vai "ao fundo do problema", e analisa a proibição do fentanil como analgésico.

Ricardo adverte sobre esse perigo. “Vivi na pele", diz este homem que percorre as ruas apoiado em um andador, no qual carrega seus pertences, seguido por seus dois cães.

Q.Moore--ThChM