The China Mail - 'Seco demais': cafezais sofrem com o clima no Brasil e preço do grão dispara no mundo

USD -
AED 3.673042
AFN 71.007121
ALL 87.177673
AMD 389.933212
ANG 1.80229
AOA 917.000367
ARS 1175.525233
AUD 1.55135
AWG 1.8
AZN 1.70397
BAM 1.730107
BBD 2.023884
BDT 121.783361
BGN 1.730101
BHD 0.377903
BIF 2981.556018
BMD 1
BND 1.300632
BOB 6.926445
BRL 5.656604
BSD 1.002344
BTN 84.711398
BWP 13.647662
BYN 3.280375
BYR 19600
BZD 2.013446
CAD 1.38245
CDF 2871.000362
CHF 0.827046
CLF 0.024745
CLP 949.55991
CNY 7.271604
CNH 7.21136
COP 4268.654076
CRC 506.877792
CUC 1
CUP 26.5
CVE 97.540802
CZK 22.046504
DJF 178.495289
DKK 6.604904
DOP 58.870361
DZD 132.406564
EGP 50.738202
ERN 15
ETB 134.130833
EUR 0.88485
FJD 2.255904
FKP 0.753484
GBP 0.753778
GEL 2.740391
GGP 0.753484
GHS 14.082887
GIP 0.753484
GMD 71.503851
GNF 8682.383122
GTQ 7.719935
GYD 210.323323
HKD 7.750804
HNL 26.031227
HRK 6.667404
HTG 130.824008
HUF 357.970388
IDR 16466.95
ILS 3.587704
IMP 0.753484
INR 84.66725
IQD 1313.105401
IRR 42112.503816
ISK 129.310386
JEP 0.753484
JMD 158.989783
JOD 0.709204
JPY 144.935504
KES 129.656332
KGS 87.450384
KHR 4016.099783
KMF 434.503794
KPW 899.999988
KRW 1399.630383
KWD 0.30664
KYD 0.835331
KZT 517.838029
LAK 21675.438984
LBP 89812.021761
LKR 300.154806
LRD 200.477686
LSL 18.451855
LTL 2.95274
LVL 0.60489
LYD 5.473042
MAD 9.29444
MDL 17.240922
MGA 4552.16949
MKD 54.429652
MMK 2099.612718
MNT 3573.127216
MOP 8.002742
MRU 39.924809
MUR 45.330378
MVR 15.410378
MWK 1738.068911
MXN 19.580504
MYR 4.261504
MZN 64.000344
NAD 18.451855
NGN 1603.710377
NIO 36.887965
NOK 10.416604
NPR 135.53806
NZD 1.681945
OMR 0.384758
PAB 1.002344
PEN 3.674908
PGK 4.155867
PHP 55.510375
PKR 281.664912
PLN 3.781064
PYG 8019.815118
QAR 3.657835
RON 4.405604
RSD 103.675527
RUB 82.931576
RWF 1414.74634
SAR 3.750083
SBD 8.340429
SCR 14.218038
SDG 600.503676
SEK 9.654604
SGD 1.299704
SHP 0.785843
SLE 22.790371
SLL 20969.483762
SOS 572.869211
SRD 36.825038
STD 20697.981008
SVC 8.770843
SYP 13001.814505
SZL 18.443982
THB 33.085038
TJS 10.374453
TMT 3.5
TND 3.00721
TOP 2.342104
TRY 38.461804
TTD 6.797293
TWD 30.719304
TZS 2699.367509
UAH 41.850767
UGX 3671.989031
UYU 42.062895
UZS 12930.249016
VES 86.73797
VND 26005
VUV 121.092148
WST 2.778527
XAF 580.261843
XAG 0.031235
XAU 0.000309
XCD 2.70255
XDR 0.72166
XOF 580.261843
XPF 105.497811
YER 244.650363
ZAR 18.393804
ZMK 9001.203587
ZMW 27.820779
ZWL 321.999592
'Seco demais': cafezais sofrem com o clima no Brasil e preço do grão dispara no mundo
'Seco demais': cafezais sofrem com o clima no Brasil e preço do grão dispara no mundo / foto: © AFP

'Seco demais': cafezais sofrem com o clima no Brasil e preço do grão dispara no mundo

Em uma manhã de setembro de 2024, Moacir Donizetti Rossetto verificava os cafezais na propriedade de sua família no interior de São Paulo, quando sentiu cheiro de fumaça. Horas depois, o fogo atingiu suas terras.

Tamanho do texto:

"Foi desesperador: o fogo avançando, destruindo a nossa plantação, chegando a vinte metros da minha casa", relembra este pequeno produtor de 54 anos, um das centenas que sofreram o pior incêndio florestal registrado em Caconde, município paulista com a maior produção de café.

Moradores acreditam que o incêndio começou devido à queima descontrolada de lixo, embora a extensão dos danos tenha sido causada por uma situação climática: a seca.

Em Tóquio, Paris ou Nova York, tomar café vai ficar cada vez mais caro, e isso se explica por realidades como a de Caconde: o calor e a irregularidade das chuvas castigam as plantações de café do Brasil, o maior produtor e exportador mundial do grão.

A família de Donizetti Rossetto lutou durante quatro dias contra o fogo, que arrasou a densa paisagem de sua fazenda remota entre as montanhas da Mata Atlântica, bioma que cobre parte de São Paulo.

As chamas consumiram cinco hectares de cafezais, um terço da produção da família.

"Não só perdemos na colheita desse ano mas também no futuro, porque vai demorar três ou quatro anos até essa terra produzir novamente", lamenta o homem ao lado de seus pés de café, ainda queimados e escurecidos pela fuligem.

"De uns cinco anos para cá, está seco demais, às vezes não chove por meses", diz. "Temperatura também esquentou demais, não dá para aguentar. Quando vem a época da floração, o café não tem água e não resiste", explica.

Segundo estudos oficiais, o Brasil viveu em 2024 seu ano mais quente desde o primeiro registro, em 1961. Também sofreu um número recorde de incêndios florestais em 14 anos, a maioria deles de origem humana e agravados pela seca.

A ciência relaciona ambos os fenômenos, altas temperaturas e seca, ao aquecimento global.

- Sofre o Brasil, paga o mundo -

Com uma produção estimada de 55 milhões de sacas de café em 2024, mais de um terço da produção mundial, o Brasil dita o ritmo dos preços internacionais.

O valor de uma libra de Arábica, a variedade mais consumida, atingiu seu nível mais alto desde 1977 em dezembro. Foi cotado a 3,48 dólares na Bolsa de Valores de Nova York (23,22 reais na cotação atual), um aumento de 90% em menos de um ano.

"Eu trabalho com café há 35 anos e jamais vi uma situação tão difícil quanto a atual", afirma o cafeicultor Guy Carvalho, um dos mais renomados consultores brasileiros do setor.

"As temperaturas mais altas e as chuvas menos regulares obrigam a investir mais recursos para obter a mesma ou menor produção que no passado", explica. "Depois da última grande colheita, em 2020, sempre tivemos algum problema com o clima".

Carvalho diz que os altos preços são explicados em grande parte pela "frustração" diante de quatro safras decepcionantes no Brasil entre 2021 e 2024, e pela expectativa de que os resultados ruins se repitam em 2025.

A perspectiva de preços é ainda mais complicada por fatores geopolíticos, como possíveis restrições tarifárias após a posse de Donald Trump nos Estados Unidos e regulamentações europeias sobre desmatamento.

- Em busca de um café sustentável -

Frente ao clima adverso, alguns cafeicultores brasileiros estão testando estratégias alternativas como solução.

Em Divinolândia, outro pequeno município cafeeiro de São Paulo a 25 quilômetros de Caconde, o produtor Sérgio Lange usa uma técnica milenar para combater o calor: plantar seus pés de café à sombra das árvores.

"Quando eu nasci, Divinolândia era frio, água congelava no inverno", diz Lange, 67 anos. "Isso hoje não tem mais. Com essas temperaturas, o modelo atual de produção tem os dias contados".

O café cultivado em árvores, que reproduz o habitat da planta em suas origens africanas, não só sofre menos com o calor como também amadurece mais lentamente, o que resulta em um grão maior e mais doce e, portanto, mais valorizado no mercado.

Junto com outros cinquenta colegas, Lange aplica um modelo de "cafeicultura regenerativa" desde 2022: coexistência com outras espécies, sem agrotóxicos e com água de manancial.

"No começo a produtividade vai cair, mas a expectativa é um resultado fantástico em quatro ou cinco anos", diz, exibindo com orgulho seus robustos cafeeiros no terreno montanhoso.

"Sustentabilidade é deixar essa terra para meus filhos melhor do que a encontrei", conclui.

W.Tam--ThChM