The China Mail - Menores transgênero e o desafio de crescer no Brasil, país que mais mata trans

USD -
AED 3.673042
AFN 68.246519
ALL 83.574861
AMD 383.590403
ANG 1.789699
AOA 917.000367
ARS 1315.382258
AUD 1.533272
AWG 1.8025
AZN 1.70397
BAM 1.679584
BBD 2.017596
BDT 121.404434
BGN 1.679095
BHD 0.374308
BIF 2979.591311
BMD 1
BND 1.28412
BOB 6.904518
BRL 5.431804
BSD 0.999266
BTN 87.497585
BWP 13.444801
BYN 3.29914
BYR 19600
BZD 2.007205
CAD 1.375604
CDF 2890.000362
CHF 0.80841
CLF 0.024705
CLP 969.150396
CNY 7.181504
CNH 7.189125
COP 4044
CRC 506.331288
CUC 1
CUP 26.5
CVE 94.692367
CZK 20.983604
DJF 177.720393
DKK 6.411504
DOP 61.024256
DZD 128.970847
EGP 48.172181
ERN 15
ETB 138.656882
EUR 0.859014
FJD 2.252304
FKP 0.743884
GBP 0.743497
GEL 2.703861
GGP 0.743884
GHS 10.542271
GIP 0.743884
GMD 72.503851
GNF 8664.997789
GTQ 7.667106
GYD 209.060071
HKD 7.849805
HNL 26.16503
HRK 6.47204
HTG 130.747861
HUF 339.580388
IDR 16256.1
ILS 3.43251
IMP 0.743884
INR 87.72775
IQD 1309.024393
IRR 42125.000352
ISK 122.830386
JEP 0.743884
JMD 159.989008
JOD 0.70904
JPY 147.65804
KES 129.203801
KGS 87.450384
KHR 4002.696517
KMF 422.150384
KPW 900.008192
KRW 1388.770383
KWD 0.30553
KYD 0.832761
KZT 540.003693
LAK 21619.55593
LBP 89532.270461
LKR 300.526856
LRD 200.352958
LSL 17.711977
LTL 2.95274
LVL 0.60489
LYD 5.417985
MAD 9.049126
MDL 16.776803
MGA 4409.78827
MKD 52.833348
MMK 2099.254958
MNT 3587.23202
MOP 8.079179
MRU 39.85899
MUR 45.410378
MVR 15.403739
MWK 1732.749367
MXN 18.581304
MYR 4.240377
MZN 63.960377
NAD 17.711977
NGN 1532.290377
NIO 36.772567
NOK 10.289935
NPR 139.995964
NZD 1.679205
OMR 0.381735
PAB 0.999266
PEN 3.536848
PGK 4.214847
PHP 56.750375
PKR 283.53556
PLN 3.64774
PYG 7484.187882
QAR 3.652267
RON 4.355304
RSD 100.957038
RUB 79.399854
RWF 1445.415822
SAR 3.753162
SBD 8.217066
SCR 14.144501
SDG 600.503676
SEK 9.577285
SGD 1.285504
SHP 0.785843
SLE 23.103667
SLL 20969.503947
SOS 571.077705
SRD 37.279038
STD 20697.981008
STN 21.039886
SVC 8.743146
SYP 13001.954565
SZL 17.705278
THB 32.203646
TJS 9.33299
TMT 3.51
TND 2.93047
TOP 2.342104
TRY 40.682595
TTD 6.782689
TWD 29.907104
TZS 2485.000335
UAH 41.33556
UGX 3565.616533
UYU 40.096011
UZS 12584.427908
VES 128.74775
VND 26225
VUV 118.521058
WST 2.657279
XAF 563.316745
XAG 0.026075
XAU 0.000294
XCD 2.70255
XCG 1.800928
XDR 0.700098
XOF 563.316745
XPF 102.417011
YER 240.450363
ZAR 17.743804
ZMK 9001.203584
ZMW 23.157615
ZWL 321.999592
Menores transgênero e o desafio de crescer no Brasil, país que mais mata trans
Menores transgênero e o desafio de crescer no Brasil, país que mais mata trans / foto: © AFP

Menores transgênero e o desafio de crescer no Brasil, país que mais mata trans

"Mãe, eu posso morrer hoje para nascer menina amanhã?". Agatha tinha quase quatro anos quando disse a Thamirys Nunes que não queria ser menino.

Tamanho do texto:

Sua mãe, de 33 anos, soube então que teria pela frente um longo caminho de obstáculos no país com maior número de homicídios de pessoas trans no mundo e com poucos centros de assistência pública para menores inconformados com seu gênero de nascimento.

"Desde pequenininha, ela demonstrava um desconforto com o gênero masculino, atribuído no nascimento", queria brincar com bonecas e usar argolas, conta à AFP Thamirys, moradora de São Paulo.

"Os esforços para reforçar o masculino só ofendiam, magoavam. Por isso permitimos" que se identificasse socialmente como menina e mudasse de nome, acrescenta.

No Brasil, as cirurgias de mudança de sexo só são permitidas a partir dos 18 anos. É que a "incongruência ou disforia de gênero" entre menores é um tema delicado, que causa polêmica em muitos países por causa da tenra idade.

Hoje com oito anos, cabelos longos presos com prendedor rosa e vestido da mesma cor, Agatha aparece sorridente no fundo de tela do celular da mãe.

"Não era um sonho ter uma criança trans... Duvidei muito", admite Thamirys, que precisou enfrentar os próprios preconceitos, mas sobretudo, o medo do meio.

O Brasil é o país com mais mortes violentas de pessoas trans, com 118 em 2022 ou 29% do total mundial, segundo a Rede Nacional de Pessoas Trans do Brasil.

- "Contar com a sorte" -

A esta circunstância se soma uma progressão do conservadorismo no país durante o mandato do presidente Jair Bolsonaro (2019-2022), defensor da família tradicional, reafirmada pela ampla maioria de direita eleita no ano passado para o Congresso.

"Toda vez que a minha filha passa pela porta, fico insegura, tenho medo que digam que ela é uma aberração, que a agridam ou excluam. E fico muito grata toda vez que ela volta porque sei que isso é um privilégio", diz a mãe, com a voz embargada.

Transformada em ativista dos direitos de crianças e adolescentes trans, ela fundou em 2022 a ONG Minha Criança Trans, que tem quase 600 membros.

"É um absurdo o Estado não ter nenhum mecanismo de proteção para nossos filhos e tantas crianças e adolescentes trans que estão na nossa sociedade, sendo violados, vitimizados. Nosso maior interesse é ter políticas públicas porque hoje uma criança ou adolescente trans no Brasil tem que contar com a sorte", diz.

Para Aline Melo, membro da organização, o Brasil "viveu um período de muito retrocesso nos últimos anos".

"Meu filho, Luiz Guilherme, um adolescente trans de 14 anos, tem orgulho de ser quem é, mas sabe que da porta pra fora nem sempre pode" se expor livremente, lamenta.

- Uma nova identidade –

Celeste Armbrust lembra ter chegado ao salão com a cabeça coberta e o olhar baixo. Depois do trabalho do cabeleireiro, recorda que seus olhos se iluminaram ao ver no espelho os cabelos castanhos com mechas vermelhas.

"Finalmente me senti como eu mesma, livre de fato", conta à AFP a jovem transgênero de 17 anos em seu quarto, onde carrinhos e acessórios femininos convivem lado a lado.

Celeste iniciou a terapia hormonal aos 16 anos, idade autorizada por uma norma do Conselho Federal de Medicina em 2020 e revelou sua nova identidade na escola, motivando outros a fazerem o mesmo.

Mas, admite que lhe falta essa "coragem" para sair desacompanhada.

"Ela evita estar sozinha por medo de ser apontada e sofrer alguma coisa", diz a mãe dela, Claudia Armbrust.

- Expulsos de casa -

No Brasil, com 214 milhões de habitantes, há apenas cinco centros públicos de atendimento a crianças e adolescentes para questões de identidade e gênero.

O do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo acompanha quase 400, cerca de uma centena entre os 4 e os 12 anos, e tem uma longa fila de espera.

Em casos de "incongruência de gênero", as crianças são acompanhadas em sua "transição social"; aqueles na puberdade podem "bloquear" o processo, ou seja, frear as mudanças como a menstruação nas meninas e a penugem facial nos meninos; e alguns maiores de 16 anos recebem tratamentos hormonais.

Agatha e Luiz Guilherme frequentam o centro na capital paulista, como Celeste fez no passado.

Ali, "sentem-se compreendidos e acompanhados nessa descoberta", explica Larissa Todorov, psicóloga no ambulatório paulistano.

Mas poucos têm acesso a esta assistência, que conta com poucos recursos.

Carolina Iara, de 30 anos, deputada estadual intersexo em São Paulo (PSOL-SP), destaca, apesar de tudo, alguns avanços em relação à sua geração.

No entanto, "a gente ainda tem essa dificuldade do básico. Esses adolescentes trans, principalmente essas adolescentes trans e travestis, são expulsas de casa com 13 ou 14 anos e vão parar na prostituição", adverte.

G.Fung--ThChM