The China Mail - Menores transgênero e o desafio de crescer no Brasil, país que mais mata trans

USD -
AED 3.672504
AFN 66.402915
ALL 83.761965
AMD 382.479768
ANG 1.789982
AOA 916.999963
ARS 1450.75024
AUD 1.543246
AWG 1.805
AZN 1.705751
BAM 1.695014
BBD 2.010894
BDT 121.852399
BGN 1.695501
BHD 0.377002
BIF 2945.49189
BMD 1
BND 1.302665
BOB 6.907594
BRL 5.350303
BSD 0.998384
BTN 88.558647
BWP 13.433114
BYN 3.402651
BYR 19600
BZD 2.007947
CAD 1.412355
CDF 2149.999847
CHF 0.80776
CLF 0.024051
CLP 943.503075
CNY 7.11935
CNH 7.126345
COP 3784.2
CRC 501.791804
CUC 1
CUP 26.5
CVE 95.850058
CZK 21.109048
DJF 177.785096
DKK 6.473835
DOP 64.236284
DZD 130.470559
EGP 47.295599
ERN 15
ETB 153.291763
EUR 0.867014
FJD 2.28685
FKP 0.766404
GBP 0.76237
GEL 2.705013
GGP 0.766404
GHS 10.945027
GIP 0.766404
GMD 72.999692
GNF 8666.525113
GTQ 7.6608
GYD 209.15339
HKD 7.774615
HNL 26.251771
HRK 6.531903
HTG 130.6554
HUF 334.943976
IDR 16696.4
ILS 3.26455
IMP 0.766404
INR 88.70705
IQD 1310
IRR 42100.000147
ISK 126.759455
JEP 0.766404
JMD 160.148718
JOD 0.709024
JPY 153.409007
KES 129.1971
KGS 87.450022
KHR 4025.000393
KMF 421.000245
KPW 900.033283
KRW 1456.565008
KWD 0.307037
KYD 0.832073
KZT 525.442751
LAK 21694.999894
LBP 89550.000191
LKR 304.463694
LRD 183.250302
LSL 17.409918
LTL 2.95274
LVL 0.60489
LYD 5.46902
MAD 9.334002
MDL 17.092121
MGA 4502.259796
MKD 53.325591
MMK 2099.044592
MNT 3585.031206
MOP 7.994609
MRU 39.945401
MUR 45.910399
MVR 15.404991
MWK 1731.225057
MXN 18.55978
MYR 4.177501
MZN 63.949976
NAD 17.409776
NGN 1437.150263
NIO 36.7374
NOK 10.20723
NPR 141.508755
NZD 1.78071
OMR 0.384493
PAB 0.999779
PEN 3.37875
PGK 4.273464
PHP 59.101002
PKR 280.850359
PLN 3.68449
PYG 7072.751145
QAR 3.6405
RON 4.409499
RSD 101.629224
RUB 81.248559
RWF 1450
SAR 3.75058
SBD 8.230592
SCR 14.861017
SDG 600.499239
SEK 9.57983
SGD 1.304335
SHP 0.750259
SLE 23.201624
SLL 20969.499529
SOS 570.604013
SRD 38.503498
STD 20697.981008
STN 21.232987
SVC 8.735857
SYP 11056.895466
SZL 17.336517
THB 32.380498
TJS 9.227278
TMT 3.51
TND 2.950498
TOP 2.342104
TRY 42.194465
TTD 6.76509
TWD 30.981498
TZS 2462.498387
UAH 42.011587
UGX 3491.096532
UYU 39.813947
UZS 11951.241707
VES 228.19401
VND 26310
VUV 122.169446
WST 2.82328
XAF 568.486781
XAG 0.020626
XAU 0.00025
XCD 2.70255
XCG 1.799344
XDR 0.707015
XOF 568.486781
XPF 103.905843
YER 238.504229
ZAR 17.377896
ZMK 9001.19704
ZMW 22.588431
ZWL 321.999592
Menores transgênero e o desafio de crescer no Brasil, país que mais mata trans
Menores transgênero e o desafio de crescer no Brasil, país que mais mata trans / foto: © AFP

Menores transgênero e o desafio de crescer no Brasil, país que mais mata trans

"Mãe, eu posso morrer hoje para nascer menina amanhã?". Agatha tinha quase quatro anos quando disse a Thamirys Nunes que não queria ser menino.

Tamanho do texto:

Sua mãe, de 33 anos, soube então que teria pela frente um longo caminho de obstáculos no país com maior número de homicídios de pessoas trans no mundo e com poucos centros de assistência pública para menores inconformados com seu gênero de nascimento.

"Desde pequenininha, ela demonstrava um desconforto com o gênero masculino, atribuído no nascimento", queria brincar com bonecas e usar argolas, conta à AFP Thamirys, moradora de São Paulo.

"Os esforços para reforçar o masculino só ofendiam, magoavam. Por isso permitimos" que se identificasse socialmente como menina e mudasse de nome, acrescenta.

No Brasil, as cirurgias de mudança de sexo só são permitidas a partir dos 18 anos. É que a "incongruência ou disforia de gênero" entre menores é um tema delicado, que causa polêmica em muitos países por causa da tenra idade.

Hoje com oito anos, cabelos longos presos com prendedor rosa e vestido da mesma cor, Agatha aparece sorridente no fundo de tela do celular da mãe.

"Não era um sonho ter uma criança trans... Duvidei muito", admite Thamirys, que precisou enfrentar os próprios preconceitos, mas sobretudo, o medo do meio.

O Brasil é o país com mais mortes violentas de pessoas trans, com 118 em 2022 ou 29% do total mundial, segundo a Rede Nacional de Pessoas Trans do Brasil.

- "Contar com a sorte" -

A esta circunstância se soma uma progressão do conservadorismo no país durante o mandato do presidente Jair Bolsonaro (2019-2022), defensor da família tradicional, reafirmada pela ampla maioria de direita eleita no ano passado para o Congresso.

"Toda vez que a minha filha passa pela porta, fico insegura, tenho medo que digam que ela é uma aberração, que a agridam ou excluam. E fico muito grata toda vez que ela volta porque sei que isso é um privilégio", diz a mãe, com a voz embargada.

Transformada em ativista dos direitos de crianças e adolescentes trans, ela fundou em 2022 a ONG Minha Criança Trans, que tem quase 600 membros.

"É um absurdo o Estado não ter nenhum mecanismo de proteção para nossos filhos e tantas crianças e adolescentes trans que estão na nossa sociedade, sendo violados, vitimizados. Nosso maior interesse é ter políticas públicas porque hoje uma criança ou adolescente trans no Brasil tem que contar com a sorte", diz.

Para Aline Melo, membro da organização, o Brasil "viveu um período de muito retrocesso nos últimos anos".

"Meu filho, Luiz Guilherme, um adolescente trans de 14 anos, tem orgulho de ser quem é, mas sabe que da porta pra fora nem sempre pode" se expor livremente, lamenta.

- Uma nova identidade –

Celeste Armbrust lembra ter chegado ao salão com a cabeça coberta e o olhar baixo. Depois do trabalho do cabeleireiro, recorda que seus olhos se iluminaram ao ver no espelho os cabelos castanhos com mechas vermelhas.

"Finalmente me senti como eu mesma, livre de fato", conta à AFP a jovem transgênero de 17 anos em seu quarto, onde carrinhos e acessórios femininos convivem lado a lado.

Celeste iniciou a terapia hormonal aos 16 anos, idade autorizada por uma norma do Conselho Federal de Medicina em 2020 e revelou sua nova identidade na escola, motivando outros a fazerem o mesmo.

Mas, admite que lhe falta essa "coragem" para sair desacompanhada.

"Ela evita estar sozinha por medo de ser apontada e sofrer alguma coisa", diz a mãe dela, Claudia Armbrust.

- Expulsos de casa -

No Brasil, com 214 milhões de habitantes, há apenas cinco centros públicos de atendimento a crianças e adolescentes para questões de identidade e gênero.

O do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo acompanha quase 400, cerca de uma centena entre os 4 e os 12 anos, e tem uma longa fila de espera.

Em casos de "incongruência de gênero", as crianças são acompanhadas em sua "transição social"; aqueles na puberdade podem "bloquear" o processo, ou seja, frear as mudanças como a menstruação nas meninas e a penugem facial nos meninos; e alguns maiores de 16 anos recebem tratamentos hormonais.

Agatha e Luiz Guilherme frequentam o centro na capital paulista, como Celeste fez no passado.

Ali, "sentem-se compreendidos e acompanhados nessa descoberta", explica Larissa Todorov, psicóloga no ambulatório paulistano.

Mas poucos têm acesso a esta assistência, que conta com poucos recursos.

Carolina Iara, de 30 anos, deputada estadual intersexo em São Paulo (PSOL-SP), destaca, apesar de tudo, alguns avanços em relação à sua geração.

No entanto, "a gente ainda tem essa dificuldade do básico. Esses adolescentes trans, principalmente essas adolescentes trans e travestis, são expulsas de casa com 13 ou 14 anos e vão parar na prostituição", adverte.

G.Fung--ThChM