The China Mail - Moradores da sombria antiga Colônia Dignidade, no Chile, resistem a desapropriação

USD -
AED 3.67297
AFN 70.194729
ALL 86.94804
AMD 386.188633
ANG 1.789679
AOA 916.999782
ARS 1138.5001
AUD 1.55046
AWG 1.8025
AZN 1.689682
BAM 1.734296
BBD 2.019296
BDT 121.510659
BGN 1.74031
BHD 0.376965
BIF 2976.097048
BMD 1
BND 1.293978
BOB 6.925631
BRL 5.646298
BSD 1.00016
BTN 85.398858
BWP 13.533201
BYN 3.272976
BYR 19600
BZD 2.008921
CAD 1.396265
CDF 2871.000174
CHF 0.835121
CLF 0.024521
CLP 940.979431
CNY 7.2095
CNH 7.21586
COP 4172
CRC 506.065335
CUC 1
CUP 26.5
CVE 97.77693
CZK 22.152006
DJF 177.720081
DKK 6.642915
DOP 58.933068
DZD 133.030996
EGP 50.0528
ERN 15
ETB 134.687008
EUR 0.890565
FJD 2.26455
FKP 0.753275
GBP 0.749202
GEL 2.740031
GGP 0.753275
GHS 12.302194
GIP 0.753275
GMD 72.50172
GNF 8660.837797
GTQ 7.679211
GYD 209.242829
HKD 7.82154
HNL 26.023304
HRK 6.709399
HTG 130.865818
HUF 357.957013
IDR 16444.3
ILS 3.54115
IMP 0.753275
INR 85.40185
IQD 1310.165644
IRR 42112.471583
ISK 129.950276
JEP 0.753275
JMD 159.374667
JOD 0.709004
JPY 145.051971
KES 129.219518
KGS 87.450326
KHR 4009.062734
KMF 441.499323
KPW 900
KRW 1390.35018
KWD 0.30734
KYD 0.833433
KZT 510.800553
LAK 21628.380266
LBP 89612.350857
LKR 299.932607
LRD 200.029263
LSL 18.059979
LTL 2.95274
LVL 0.60489
LYD 5.518214
MAD 9.236867
MDL 17.431246
MGA 4500.370228
MKD 54.812763
MMK 2099.691891
MNT 3573.979595
MOP 8.056682
MRU 39.630405
MUR 46.220336
MVR 15.46005
MWK 1734.260897
MXN 19.35075
MYR 4.291003
MZN 63.900282
NAD 18.059979
NGN 1602.120229
NIO 36.799915
NOK 10.316982
NPR 136.638527
NZD 1.689435
OMR 0.384989
PAB 1.000102
PEN 3.687174
PGK 4.15706
PHP 55.803977
PKR 282.582556
PLN 3.782218
PYG 7988.685135
QAR 3.64532
RON 4.487983
RSD 103.961976
RUB 80.748231
RWF 1432.226198
SAR 3.750896
SBD 8.340429
SCR 14.500677
SDG 600.498478
SEK 9.69773
SGD 1.295199
SHP 0.785843
SLE 22.692558
SLL 20969.500214
SOS 571.613527
SRD 36.448499
STD 20697.981008
SVC 8.751286
SYP 13001.861836
SZL 18.055014
THB 33.129727
TJS 10.326554
TMT 3.505
TND 3.010144
TOP 2.342103
TRY 38.842602
TTD 6.788919
TWD 30.147497
TZS 2684.999823
UAH 41.621768
UGX 3657.822864
UYU 41.721349
UZS 12918.986983
VES 94.206225
VND 25950.5
VUV 121.122053
WST 2.778524
XAF 581.684602
XAG 0.030933
XAU 0.00031
XCD 2.70255
XDR 0.729334
XOF 581.666548
XPF 105.753201
YER 244.097614
ZAR 18.08746
ZMK 9001.19782
ZMW 26.981277
ZWL 321.999592
Moradores da sombria antiga Colônia Dignidade, no Chile, resistem a desapropriação
Moradores da sombria antiga Colônia Dignidade, no Chile, resistem a desapropriação / foto: © AFP

Moradores da sombria antiga Colônia Dignidade, no Chile, resistem a desapropriação

A Colônia Dignidade mudou de nome em 1991 para deixar para trás o seu passado sombrio. Mas não conseguiu escapar de seus demônios e agora seus moradores esperam impedir o despejo deste ex-centro de repressão da ditadura do Chile que se transformará em um memorial.

Tamanho do texto:

Durante décadas, neste enclave alemão no sul do Chile, agora conhecido como Villa Baviera, os direitos humanos foram violados, e cerca de 250 moradores foram submetidos a condições análogas à escravidão por seu sinistro líder, o falecido Paul Schäfer.

O ex-enfermeiro do exército alemão, também permitiu que o local fosse usado como prisão, centro de tortura e desaparecimento para opositores da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). Estima-se que 26 opositores desapareceram no bairro, e dezenas de pessoas foram sequestradas e torturadas, segundo dados oficiais.

Em 2024, o presidente de esquerda Gabriel Boric ordenou a expropriação de 116 dos 4.800 hectares do local.

Isso será feito às custas dos 122 colonos, que terão que vender parte de suas propriedades ao Estado, incluindo a área onde suas casas estão localizadas. Alguns deles resistem.

"Os colonos conhecem cada detalhe, cada edifício, cada árvore. E onde antes sofriam e eram obrigados a trabalhar, (...) querem preservar e considerar como seu, como seu esforço", afirma Anna Schnellenkamp, nascida na Villa Baviera há 48 anos, com uma expressão severa.

Anna é filha do falecido Kurt Schnellenkamp, acusado pela Justiça como cúmplice de Schäfer e que cumpriu sua pena na prisão.

- Turismo e produção agrícola -

O governo chileno busca completar o processo de desapropriação antes de março, quando Boric entregará o cargo ao seu sucessor.

"Vai ser o maior memorial que nosso país já teve", e haverá uma cerimônia de recordação similar à dos campos de concentração do regime nazista na Europa depois da Segunda Guerra Mundial, explica o ministro de Justiça chileno, Jaime Gajardo, à AFP.

A ditadura deixou cerca de 3.200 mortos e mais de 38 mil pessoas torturadas.

A colônia, hoje, funciona como um centro de produção agrícola e de carne, abastecendo o mercado nacional. Há também um restaurante e um hotel. Cerca de 200 chilenos também trabalham na Villa Baviera.

As fábricas, assim como todos os outros edifícios, serão desapropriadas, e a vida na colônia como é conhecida acabará.

"Está praticamente tirando toda nossa existência", lamenta Markus Blanck, de 50 anos, um dos gerentes de negócios do enclave.

Como no caso de Schnellenkamp, o padre de Blanck também foi acusado como cúmplice de Schäfer. Hans Blanck faleceu antes de sua sentença.

Atualmente, os moradores afetados ainda não decidiram se vão se mudar para dentro ou para fora do terreno que não será desapropriado.

O governo afirma estar cumprindo a legislação. "Aqui há um interesse nacional em preservar o patrimônio histórico do nosso país" e "como a desapropriação é altamente regulamentada, o Estado chileno deve pagar um preço justo por esses ativos desapropriados", diz o ministro Gajardo.

- Controle absoluto e abusos -

Em 1961, um grupo de cristãos protestantes alemães adquiriu uma grande área cercada por montanhas e florestas para formar seu prórpio enclave.

Paul Schäfer, um pregador, liderou o assentamento que mudou para um regime de controle absoluto.

Somente o alemão era falado e poucos podiam entrar ou sair. Não estava permitida a vida familiar e as crianças começavam a trabalhar aos sete anos.

Dezenas de menores foram abusados sexualmente por Schäfer, que foi preso em 2005. Cinco anos depois, morreu na prisão, aos 88 anos.

Mais vinte líderes do enclave foram condenados no Chile como autores, cúmplices ou ocultadores de abuso sexual e estupro.

A Alemanha reconheceu os colonos como vítimas. Dezenas retornaram para o país.

- "40 anos preso" -

"Vivemos 40 anos presos como em uma gaiola", lembra Harald Lindemann, de 65 anos.

Foi com a prisão de Schäfer que as coisas começaram a mudar.

Os colonos puderam se casar, viver com seus filhos, mandá-los para a escola e receber seu primeiro salário.

Dentro do enclave, pessoas abusadas e abusadores coexistem, muitos deles com laços familiares.

No entanto, hoje em dia, todo colono se reconhece como vítima de Schäfer.

Mas agora eles enfrentam uma nova ameaça: a ordem de desapropriação, que esperam contestar na Justiça.

"Sente-se uma espécie de vingança contra nós (...) que somos praticamente filhos daqueles que cometeram esses erros e também crimes", reflete Blanck.

"Por que eles (o governo) fazem vista grossa? Vivemos aqui há 63 anos em condições brutais", lamenta Horst Schaffrick, de 66 anos.

W.Tam--ThChM