The China Mail - Sobreviventes de 'campos de estupro' na Bósnia pedem justiça 30 anos depois

USD -
AED 3.672503
AFN 65.999611
ALL 83.303098
AMD 382.090054
ANG 1.790352
AOA 917.000036
ARS 1408.512197
AUD 1.523991
AWG 1.8025
AZN 1.635047
BAM 1.68937
BBD 2.014244
BDT 122.111228
BGN 1.683595
BHD 0.377011
BIF 2950
BMD 1
BND 1.30343
BOB 6.910223
BRL 5.286395
BSD 1.000082
BTN 88.671219
BWP 14.25758
BYN 3.410338
BYR 19600
BZD 2.011289
CAD 1.399835
CDF 2137.500953
CHF 0.795703
CLF 0.023666
CLP 928.409993
CNY 7.112749
CNH 7.09757
COP 3706.75
CRC 502.36889
CUC 1
CUP 26.5
CVE 95.375022
CZK 20.83635
DJF 177.719781
DKK 6.432165
DOP 64.399508
DZD 130.122672
EGP 47.163004
ERN 15
ETB 153.593972
EUR 0.86137
FJD 2.27435
FKP 0.76162
GBP 0.76053
GEL 2.699631
GGP 0.76162
GHS 10.965026
GIP 0.76162
GMD 73.500235
GNF 8685.000072
GTQ 7.664334
GYD 209.232018
HKD 7.77095
HNL 26.309862
HRK 6.4906
HTG 130.904411
HUF 330.6755
IDR 16727.35
ILS 3.209425
IMP 0.76162
INR 88.71035
IQD 1310
IRR 42112.504675
ISK 126.610006
JEP 0.76162
JMD 160.817476
JOD 0.709017
JPY 154.715008
KES 129.343302
KGS 87.449854
KHR 4019.999929
KMF 427.495038
KPW 900.002739
KRW 1466.109666
KWD 0.30677
KYD 0.833377
KZT 524.809647
LAK 21695.000019
LBP 89572.717427
LKR 304.582734
LRD 181.999767
LSL 17.244977
LTL 2.95274
LVL 0.60489
LYD 5.460043
MAD 9.2825
MDL 16.941349
MGA 4499.999692
MKD 53.084556
MMK 2099.574422
MNT 3579.076518
MOP 8.005511
MRU 39.850226
MUR 45.795179
MVR 15.40499
MWK 1736.000068
MXN 18.26696
MYR 4.128988
MZN 63.959868
NAD 17.245038
NGN 1442.089802
NIO 36.769907
NOK 10.053455
NPR 141.874295
NZD 1.765275
OMR 0.384495
PAB 1.000073
PEN 3.369022
PGK 4.119907
PHP 58.885022
PKR 280.749785
PLN 3.641945
PYG 7057.035009
QAR 3.640902
RON 4.379104
RSD 100.922982
RUB 80.597938
RWF 1450
SAR 3.749989
SBD 8.237372
SCR 13.90138
SDG 600.502368
SEK 9.415698
SGD 1.300945
SHP 0.750259
SLE 23.375012
SLL 20969.50093
SOS 571.497413
SRD 38.556505
STD 20697.981008
STN 21.45
SVC 8.750858
SYP 11056.921193
SZL 17.244989
THB 32.320214
TJS 9.260569
TMT 3.5
TND 2.952504
TOP 2.40776
TRY 42.252097
TTD 6.781462
TWD 31.0943
TZS 2440.000156
UAH 42.073999
UGX 3625.244555
UYU 39.767991
UZS 12004.999953
VES 233.26555
VND 26330
VUV 122.187972
WST 2.81293
XAF 566.596269
XAG 0.018554
XAU 0.000236
XCD 2.70255
XCG 1.802343
XDR 0.704774
XOF 564.999889
XPF 103.250077
YER 238.496786
ZAR 16.99858
ZMK 9001.199706
ZMW 22.426266
ZWL 321.999592
Sobreviventes de 'campos de estupro' na Bósnia pedem justiça 30 anos depois
Sobreviventes de 'campos de estupro' na Bósnia pedem justiça 30 anos depois / foto: © AFP

Sobreviventes de 'campos de estupro' na Bósnia pedem justiça 30 anos depois

Zehra Murguz levou anos para revelar o que aconteceu com ela e outras mulheres muçulmanas nos "campos de estupro" administrados pelas forças sérvias durante a Guerra da Bósnia.

Tamanho do texto:

Uma das memórias angustiantes que a levaram a apresentar provas foi ver uma menina de 12 anos "segurando uma boneca" sendo arrastada para um desses campos.

Murguz sentiu que falaria "em nome de todas as outras, daquela menina de 12 anos que nunca falará... que nunca foi encontrada".

O horror começou para ela no verão de 1992, quando as forças sérvias tomaram a cidade montanhosa de Foca, e Murguz foi levada para o ginásio Partizan, um dos vários campos de estupro sob controle sérvio.

Durante meses, dezenas de mulheres e meninas muçulmanas foram estupradas em grupo e forçadas à escravidão sexual. Outras foram vendidas ou assassinadas.

Pelo menos 20.000 mulheres sofreram violência sexual na Bósnia quando a Iugoslávia entrou em colapso, na pior guerra da Europa desde 1945. A maioria das vítimas eram muçulmanas bósnias, mas sérvias e croatas também sofreram.

Em 2001, o Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia tornou-se a primeira corte europeia a reconhecer o estupro como crime contra a humanidade, em uma decisão histórica contra três oficiais do exército sérvio-bósnio em Foca.

Sobreviventes ávidas por justiça continuaram colhendo milhares de depoimentos, mas muitas permanecem em silêncio após mais de três décadas.

- "Agonia" -

Murguz, agora com 61 anos, apresentou uma denúncia para levar seu vizinho — que ela chama de "o criminoso" — à Justiça em 2011, quando retornou à Bósnia após anos morando em Montenegro, Sérvia e Croácia.

"Se eu não falar, será como se o crime nunca tivesse acontecido", disse a si mesma. Ele continuou morando em Foca e nem estava se escondendo, disse ela.

Em 2012, ele foi preso e julgado em um tribunal local.

Ir até lá foi "como voltar a 1992", à "agonia" daquela época, lembrou Murguz. Mas a condenação "o marcou com seu verdadeiro nome, criminoso de guerra", disse ela à AFP em uma oficina de costura em Sarajevo, administrada pelo grupo Vítimas da Guerra de Foca 1992-1995.

Ao seu redor, outras sobreviventes costuram como uma forma de terapia coletiva.

"Até o momento, apenas 18 sentenças foram proferidas por crimes de violência sexual cometidos em Foca", disse a presidente do grupo, Midheta Kaloper, de 52 anos.

"Há três julgamentos em andamento. Já faz muito tempo, e as testemunhas estão esgotadas", acrescentou.

Ela também foi vítima de um "crime indescritível e inexplicável" em Gorazde, "a pior tortura que uma garota pode suportar".

Ela ainda espera que o suspeito seja julgado na Bósnia, não na Sérvia, onde mora.

Mas Kaloper advertiu que as coisas "estagnaram" nos últimos cinco anos, com 258 casos e 2.046 suspeitos a serem julgados, segundo dados do Conselho Superior de Magistrados.

Juízes bósnios julgaram 773 casos de crimes de guerra até o final do ano passado, mais de um quarto deles envolvendo violência sexual, segundo a missão de monitoramento da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que destacou a lentidão dos processos.

"O que está nos matando é a duração excessiva desses processos", disse Kaloper. "Lutamos por 30 anos e nosso único sucesso real foi obter a lei para vítimas civis da guerra", declarou. A lei determina que sobreviventes devem receber uma pensão mensal de 175 a 350 euros (1.175 a 2.350 reais)

No entanto, a lei se aplica apenas aos croatas-muçulmanos da Bósnia e não àqueles que vivem na República Sérvia e no pequeno distrito misto de Brcko (noroeste), que possuem sistemas judiciais diferentes.

U.Chen--ThChM