

Manifestantes exigem em Israel acordo sobre reféns em Gaza
Milhares de manifestantes foram às ruas de Israel, nesta terça-feira (26), pedir o fim da guerra em Gaza e a libertação dos reféns ainda em cativeiro, coincidindo com uma reunião do gabinete de segurança que poderia abordar a retomada das negociações para uma trégua no território palestino.
A reunião foi anunciada na noite de segunda-feira, após os ataques israelenses contra o hospital Nasser de Khan Yunis, no sul da Faixa, que causaram a morte de cinco jornalistas, três dos quais colaboravam com a rede Al Jazeera e as agências de notícias Reuters e AP.
O Exército israelense informou, nesta terça-feira, que o ataque tinha como alvo "uma câmera colocada pelo Hamas na área do hospital Nasser, utilizada para observar a atividade das tropas a fim de direcionar atividades terroristas contra elas".
E acrescentou que no ataque, no qual um total de 20 pessoas perderam a vida, morreram seis "terroristas". Nenhum dos seis nomes divulgados correspondem aos dos jornalistas mortos.
Segundo a mídia israelense, a reunião do gabinete de segurança poderia abordar a retomada das negociações após a proposta dos mediadores (Catar, Egito e Estados Unidos), aceita pelo Hamas.
O Catar afirmou que ainda "aguarda" uma resposta israelense a uma proposta recente dos mediadores, que incluiria uma trégua acompanhada da libertação dos reféns.
Nas primeiras horas desta terça-feira, cerca de 400 manifestantes bloquearam ruas em Tel Aviv, onde os participantes exibiram bandeiras israelenses e fotos dos reféns, segundo jornalistas da AFP.
A imprensa israelense noticiou que outras manifestações foram organizadas perto da sede da embaixada dos Estados Unidos na cidade e diante das residências de vários ministros em todo o país.
- Sentar-se à mesa -
"Exigimos que nossos líderes se sentem à mesa de negociações e não se levantem até que um acordo seja alcançado", urgiu Hagit Chen, pai de um refém do Hamas cativo em Gaza.
À noite, centenas de pessoas protestaram em frente ao gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, em Jerusalém, no momento em que devia ser realizada a reunião de gabinete.
Em Tel Aviv, milhares de pessoas participaram de um ato em solidariedade às famílias dos reféns. "O mais importante agora é que os reféns voltem o quanto antes porque cada minuto conta", disse Carmel Madmon, de 37 anos.
Das 251 pessoas sequestradas em outubro de 2023 no ataque sem precedentes do Hamas contra Israel, que desencadeou a guerra em Gaza, 49 seguem cativas ali, incluindo pelo menos 27 que teriam morrido, segundo o Exército israelense.
Na semana passada, Netanyahu ordenou a celebração de negociações imediatas para garantir a libertação dos reféns de Gaza, sem citar a proposta dos mediadores.
Segundo fontes palestinas, a proposta prevê a libertação gradual dos reféns durante um cessar-fogo inicial de 60 dias, em troca da libertação de presos palestinos em Israel.
Paralelamente, o premiê aprovou um plano para o Exército israelense tomar a Cidade de Gaza, a maior do território palestino, gerando temores pela segurança dos reféns e uma nova onda de protestos que levou milhares de pessoas às ruas.
- "Uma gota no oceano" -
O governo Netanyahu enfrenta pressão dentro e fora de Israel para encerrar a campanha em Gaza, onde a guerra provocou uma crise humanitária e devastou grande parte do território palestino.
O Programa Mundial de Alimentos (PMA) alertou, nesta terça-feira, que a ajuda que Israel permite entrar em Gaza é insuficiente diante da situação de fome na Faixa.
Carl Saku, diretor de operações do PMA, disse à AFP que houve um "pequeno aumento" na entrada de ajuda, com quase 100 caminhões diários, mas que "ainda é uma gota no oceano para atender cerca de 2,1 milhões de pessoas".
No dia seguinte ao ataque em Khan Yunis, tanto ONGs quanto potências mundiais, inclusive aliados convictos de Israel, expressaram comoção.
Netanyahu disse lamentar o que chamou de "acidente trágico". Nesta terça-feira, a ONU pediu que Israel não apenas investigue suas incursões mortais, mas que também "obtenha resultados".
O conflito começou com o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, que matou 1.219 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem baseada em números oficiais.
A represália israelense em Gaza matou pelo menos 62.819 palestinos, também civis na maioria, segundo dados do Ministério da Saúde do território governado pelo Hamas, considerados confiáveis pela ONU.
F.Jackson--ThChM